domingo, 1 de fevereiro de 2015

Soir tourmente

La pluie bafouille aux vitres et soudain ça te prend de courir dans tes pas plus loin pour finir la main sur nous tu perds tes yeux dans les autres ton corps est une idée fixe ton âme un caillot au centre du front ta vie refoule dans son amphore et tu meurs tu meurs à petites lampées sous tes semelles ton sang ton sang rouge parmi les miroirs brisés L` Homme rapaillé , GASTON MIRON

domingo, 17 de março de 2013

Hommage à la géographie ancienne

Cartulaire de mon coeur
paroles  du monde ancien
vieux  mots usés et sages qui  pour un temps m` aviez  fait compagnie
et si souvent  porté  secours
d´où me revenez - vous  ce soir?
bourdonnants , suspendus à mon cou
flamèches  ou abeilles
sur  l´ étoile  du prélat  défroqué

Mots du secret , du souci  et de l´ ombre
murmures , portée de rats , fourrure du souvenir
frileusement  nichés sur mes genoux
que  d` anxiété  dans ces brillantes  prunelles
qu `attendez-vous encore de moi?
voilà si longtemps  que nous  nous  sommes quités
 
 Il fait  noir  dans la cusine
 un  peu  d ´alcool  brille au fon  du verre
 tu  te tais  alors  qu  ´il  faudrait  que tu  hurles
 Judas des mots
 et tu  n`as  pas  fini  de payer  ton silence
  Genève , hiver 1977
 Nicolas  Bouvier

sexta-feira, 15 de março de 2013

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 Estar aqui  é como não estar aqui .
 No escuro onde as minhas lentas mãos modelam
 a pele deste ser vivo,
 o  universo ,
é da fina camada que cobriu
o seu vasto percurso ,
é  no táctil   roçar da sua vida
que  uma luz , é esta!, me transporta ,
 Pedro Tamen

terça-feira, 12 de março de 2013

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 A beleza  é um oceano
 Aonde  o olhar  se perde
 E regressa 
Transfigurado

 Alberto de Lacerda

sexta-feira, 8 de março de 2013

A uma velha pobre

 A Uma Velha Pobre

 mastigando uma ameixa  pela
 rua  com um saco de papel
 cheio delas na mão


 sabem-lhe bem
 sabem-lhe
 bem . Sabem-lhe
 bem.


 Vê-se  isso
 pela maneira como se entrega
 à metade  já chupada
 que tem na mão


 Confortada
 um gosto de ameixas maduras
 parece encher o ar
 Sabem-lhe  bem

 William Carlos  Williams



segunda-feira, 4 de março de 2013

O texto de Joan Zorro

 Levando  ao limite , homenagem, o gesto  da escrita , posso
                                                                   [ atribuir os meus textos
 a  joan  zorro . Existimos sobre o anterior . O movimento da
                                                                [ da escrita e da leitura
 exerce-se  a partir  da menor mutabilidade  aparente da pedra
 e da maior  mutabilidade da  grafia .  O processo dos textos
 é epigráfico.  Lápide  e versão , indistintamente.

 Fiama  Hasse Pais  Brandão  

sexta-feira, 1 de março de 2013

Duas Vezes


 Duas  Vezes
 Olho para todas as coisas
 Duas vezes :
 Uma para me alegrar
 Outra para  entristecer.

 As árvores  têm gargalhadas
 Na coroa das folhas
 E uma grande lágrima
 Na raiz
 O sol ainda é jovem
 No extremo dos raios ,
 Mas esses raios
 Estão cravados na noite.

 O mundo cabe todo
 Entre estas duas capas
 Onde fui amontando
 Todas as coisas que amei
 Duas vezes

 Marin  Sorescu, tadução colectiva ( Mateus , Abril de 1996)  revista , completada  e apresentada por  Egito  Gonçalves